Diagnóstico e tratamento de gestante com púrpura trombocitopênica idiopática associada a acidente vascular cerebral hemorrágico: Relato de caso
DOI:
https://doi.org/10.52076/eacad-v4i1.390Palavras-chave:
Púrpura Trombocitopênica Idiopática; Acidente Vascular Cerebral Hemorrágico; Gestação.Resumo
Introdução: A púrpura trombocitopênica idiopática (PTI) é uma doença autoimune definida pela baixa contagem de plaquetas, sendo a segunda principal causa de distúrbios sanguíneos na gravidez e com maior risco de recorrência durante a gestação. Objetivo: descrever o diagnóstico e tratamento de uma gestante portadora de (PTI) que evoluiu com acidente vascular cerebral hemorrágico (AVCH). Relato de caso: Paciente do sexo feminino com 27 anos de idade, em sua terceira gestação, com histórico de dois partos normais e sem abortamentos. Na sétima semana de gestação evoluiu com quadro de cefaleia e plaquetopenia associadas a petéquias na mucosa oral e membros inferiores, sendo admitida em serviço de referência apresentando hemoglobina de 11,7 g/dL e plaquetas 5.000/mm3. No sexto dia de internação hospitalar (DIH), a paciente evadiu do nosocômio, retornando após um mês com quadro de confusão mental, desorientação, cefaleia holocraniana, petéquias e hematomas disseminados, além de lesão equimótica perilabial. Na admissão observou-se hemoglobina de 9,8 g/dL, leucócitos 17.400/mm3, plaquetas 11.000/mm3, e tomografia computadorizada de crânio com hematoma nos lobos temporal e parietal esquerdo. No sexto DIH, foi transferida para Unidade de Terapia Intensiva devido rebaixamento de nível consciência e necessidade de intubação orotraqueal. Além do quadro de PTI refratária a corticoterapia e AVCH, a paciente evoluiu com pneumonia associada a ventilação no sexto DIH, que foi tratada com antibioticoterapia com linezolida, teicoplanina e ceftriaxona. Devido refratariedade da corticoterapia inicial, foi optado pela pulsoterapia com metilprednisolona e imunoglobulina. No 14º DIH foi realizada extubação orotraqueal devido a reabsorção do hematoma. Após 21 dias de internação a paciente apresentava-se sem alterações neurológicas, com hemoglobina de 10.5 g/dL e plaquetas 74.000/mm3, recebendo alta hospitalar com a prescrição de metilprednisolona por mais 21 dias. Conclusão: O diagnóstico e tratamento precoces da PTI são essenciais para evitar a evolução desfavorável desta patologia e suas complicações, sobretudo durante a gestação.
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